Hoje, ao levantar-me, fui ao banheiro
cumprir rituais rotineiros,
quando me olho refletida no espelho,
escuto uma cutucar no vidro,
de imediato olho para a esquerda
em direção da janela, e o que vejo?
Vejo um passarinho de barriga amarela,
pequeno, carismático.
Certamente ele não calculou
bem o seu vôo rasante,
pois deu de bico no vidro.
O mais engraçado é que depois
ele continuou a ficar na janela,
me olhando e uma possível comunicação,
creio, foi estabelecida:
- Que bons ventos o trazem, meu caro voante?
- Algum recado do menino verde?
Ele bicou três vezes a janela,
virou o frágil corpinho,
deu-me mais uma olhada,
assim meio de lado,como se pensasse:
"É por aqui que vim, e é por aqui que volto."
Então voou, para onde nunca se vê,
para além do óbvio ululante
que pululava na minha cabeça.
Me deixou ali, atônita,
sem saber ao certo o que pensar.
Virei a cabeça, e continuei a me ver refletida,
por entre o vidro, por entre o espelho,
sem entender por onde eu vim, e por onde volto.
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