Significado de Devaneio: 1. Estado de espírito de quem se deixa levar por lembranças, sonhos e imagens; 2. Quimeras, fantasias, ficções.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Deve-se tomar cuidado com a estupidez.
Sua denúncia é imediatamente reversível.
Impossível designá-la sem que ela o designe
também. Impossível apontar a estupidez sem
devolver à inteligência a sua arrogância. Perto
da inteligência, a estupidez se faz mais
estúpida. Nos confins da estupidez a inteligência
se faz mais sutil.(Jean Baudrillard)

terça-feira, 13 de março de 2012

Tenho avidez pelo mundo, tenho desejos fortes e definidos,
hoje de noite irei dançar e comer, não usarei o vestido
azul, mas o preto-e-branco. Mas, ao mesmo tempo, não preciso de nada.
Não preciso sequer que uma árvore existe. Embora, quanto
aos meus desejos, às minhas paixões, ao meu contato com a árvore,
elas continuem sendo para mim uma boca comendo.
A despersonalização como destituição da individualidade inútil
- a perda de tudo que se possa perder e ainda assim,
ser.(Clarice Lispector)

quarta-feira, 7 de março de 2012

A Independência da Solidão

O que me importa unicamente é o que tenho de fazer, não o que
pensam os outros. Esta regra, igualmente árdua na vida imediata
como na intelectual, pode servir para a distinção total entre a
grandeza e a baixeza. E é tanto mais dura quanto sempre se
encontrarão pessoas que acreditam saber melhor do que tu qual
é o teu dever. É fácil viver no mundo de conformidade com a opinião
das gentes; é fácil viver de acordo consigo próprio na solidão;
mas o grande homem é aquele que, no meio da turba, mantém,
com perfeita serenidade, a independência da solidão.(Ralph Waldo Emerson)

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Omnis mundi creatura
quasi liber et pictura
nobis est in speculum.(Umberto Eco), em "O nome da rosa".



Tradução - Google tradutor.

"Toda criatura do mundo,
como se fosse um livro ou pintura,
para nós é um espelho."

Imagem - Mar_ka (Tears)

Tudo é vago e muito vário
meu destino não tem siso,
o que eu quero não tem preço
ter um preço é necessário,
e nada disso é preciso (Paulo Leminski)

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012


...e a vida é algo tão imensamente grande que cabe
numa gota d'água...

Não julgue;

não pense mal dos outros;

mantenha o coração puro.(lama Geshe Rinpoche)
Ao sopro da transfiguração noturna
Distingo os fantasmas de homens
Em busca da liberdade perdida:
Quisera possuir cem milhões de bocas,
Quisera possuir cem milhões de braços
Para gritar por todos eles
E de repente deter a roda descomunal
Que tritura corpos e almas
Com direito ao orvalho da manhã,
À presença do amor, à música dos pássaros,
A estas singelas flores, a este pão.(Murilo Mendes)

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Escultura - Auguste Rodin(The Burghers of Calais 1884-86)


Me achei como aqueles des-heróis de Callais
que Rodin esculpiu: nus de seus orgulhos e
de suas esperanças. Só de camisolões e de
cordas no pescoço. Pesados de silêncio e da
tarefa de morrer.

(Morrer é uma coisa indestrutível.)
(Manoel de Barros), Retrato do artista quando coisa.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Imagem - Remedios Varo(Revelación o el relojero. - 1955.)

Mantenha seu cérebro com ilusões, ativo,

faz ele trabalhar e ele nunca se degenera.

Viverá melhor os anos que vive, é isso o interessante.

A chave é manter curiosidades, empenho,

ter paixões…(Rita Levi-Montalcini)

Imagem - Willian A. R. Ferreira(A Velha e as Letras Podres)

Reciclagem


Tempo difícil para as pessoas desse mundo:

quem tinha tempo para a poesia?

Pois ela comprou um carrinho invisível

e começou a catar palavrão.(Rita Apoena)

Joaquim Sapé

Os ornamentos de trapo de Joaquim Sapé já estavam
criando cabelo de tão sujos.
Joaquim atravessava as ruelas da Aldeia como se fosse
um Príncipe.
Com aqueles ornamentos de trapo.
Quando entrava na Aldeia com o saco de lata às
costas
Crianças o arrodeavam.
Um dia me falou, esse andarilho (eu era criança):
- Quando chove nos braços de um formiga, o
horizonte diminui.
O menino ficou com a frase incomodando na cabeça.
Como é que esse Joaquim Sapé, que mora debaixo do
chapéu, e que nem tem aparelho de medir céu, pode
saber que os horizontes diminuem quando chove nos
braços de uma formiga?
Se nem quase formiga tem braço!
Igual quando ele me disse que do lado esquerdo do
sol voam mais andorinhas do que os outros pássaros?
Pois ele não tinha aparelho de medir o sol, como
podia saber!
Ele seria um ensaio de cientista?
Ele enxergava prenúncios!(Manoel de Barros)

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

(...)
Encheu-se-lhe a fantasia de tudo que achava nos livros,
assim de encantamentos, como pendências, batalhas,
desafios, feridas, requebros, amores, tormentas, e
disparates impossíveis: e assentou-se-lhe de tal modo
na imaginação ser verdade toda aquela máquina de
sonhadas invenções que lia, que para ele não havia história
mais certa no mundo.(Miguel de Cervantes)

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Parangolé



Se eu não tivesse um conceito de realidade, diria que era sonho.

Seria possível sentir o gosto da felicidade com todos os temperos?

São tantos os sabores, me perco!

Por muito tempo pensei que felicidade e prazeres eram possíveis tão somente em sonhos,

por que em sonho tudo é possível, até mesmo morrer e continuar vivo.

Sonhar tornou-se compulsivo, antes de eu saber que minha realidade era um sonho.

E sonhar com os olhos abertos é muito mais gostoso.

No sonho da realidade a vida vale à pena, tudo é realmente possível.

Acontece, é sentido. “Não há sentido sem palavras nem mundo sem linguagem”

Quanto mais palavras conheço, quanto mais conceitos posso articular, maior é meu mundo,

maior é o alcance e amplitude de minha consciência de realidade.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Imagem - William blake (Ancient of Days)


Tenho a impressão de que a única coisa que nos permite olhar este mundo em que vivemos sem asco é a beleza que, de vez em quando, os homens fazem brotar do caos. Os quadros que pintam, as músicas que compõem, os livros que escrevem e a vida que levam. De todas estas coisas a mais rica em beleza é a vida, quando é bela. É a obra de arte suprema. (W. Somerset Maugham)