precisava de um acontecimento externo que justificasse toda aquela largueza de dentro.
Significado de Devaneio: 1. Estado de espírito de quem se deixa levar por lembranças, sonhos e imagens; 2. Quimeras, fantasias, ficções.
quinta-feira, 29 de julho de 2010
quarta-feira, 28 de julho de 2010
terça-feira, 27 de julho de 2010
quinta-feira, 22 de julho de 2010
Noites frias
____
Noite fria em abraços aquecidos,
cor contagiante,
vinho alucinante
surgindo libidos
____
Sentidos despertados
corpo a corpo, loucura.
o gozo como cura
todos, até os embriagados.
____
Unidos feito um ser
depois do ato
aliviaram-se, fato.
Dormiram para aproximar a amanhecer.
quarta-feira, 21 de julho de 2010
Vincent van Gogh(Sower with Setting Sun)
...hj, a cor do fim do dia tinha um gosto laranja,
vi de longe, respirei bem fundo,
até me sujar todo de laranja por dentro, ...
-ahh!!!, que cor gostosa...
...um passarinho se riu todo de mim,
nem vi que o dia estava esfriando,
corri para casa, todo sujo mesmo,
fui diretamente escondido pro banho,
mas não deu certo, nem o banho limpava,
a mãe viu...
-menino tais todo sujo de ocaso,
tu não tem jeito mesmo né??... :)
vi de longe, respirei bem fundo,
até me sujar todo de laranja por dentro, ...
-ahh!!!, que cor gostosa...
...um passarinho se riu todo de mim,
nem vi que o dia estava esfriando,
corri para casa, todo sujo mesmo,
fui diretamente escondido pro banho,
mas não deu certo, nem o banho limpava,
a mãe viu...
-menino tais todo sujo de ocaso,
tu não tem jeito mesmo né??... :)
terça-feira, 20 de julho de 2010
Rafael Sanzio(The School Of Athens)
Platônico
As idéias são seres superiores,
— Almas recônditas de sensitivas —
Cheias de intimidades fugitivas,
De crepúsculos, melindres e pudores.
Por onde andares e por onde fores,
Cuidado com essas flores pensativas,
Que tem pólen, perfumes, órgãos e cores
E sofrem mais que as outras cousas vivas.
Colhe-as na solidão... são obras-primas
Que vieram de outros tempos e outros climas
Para os jardins de tua alma que transponho,
Para com ela teceres, na subida,
A coroa votiva do teu Sonho
E a legenda imperial da tua Vida.(Raul de Leôni)
As idéias são seres superiores,
— Almas recônditas de sensitivas —
Cheias de intimidades fugitivas,
De crepúsculos, melindres e pudores.
Por onde andares e por onde fores,
Cuidado com essas flores pensativas,
Que tem pólen, perfumes, órgãos e cores
E sofrem mais que as outras cousas vivas.
Colhe-as na solidão... são obras-primas
Que vieram de outros tempos e outros climas
Para os jardins de tua alma que transponho,
Para com ela teceres, na subida,
A coroa votiva do teu Sonho
E a legenda imperial da tua Vida.(Raul de Leôni)
quinta-feira, 15 de julho de 2010
Não importa o quanto às vezes seja difícil,
o quanto às vezes eu me atrapalhe,
o quanto às vezes eu seja a densa nuvem
que esconde o meu próprio sol, quantas vezes seja preciso recomeçar:
combinei comigo não desistir de mim.
Quanto mais o tempo passa, mais amorosamente,
mais contente, mais compassiva, eu cumpro esse trato.(Ana Jácomo)
o quanto às vezes eu me atrapalhe,
o quanto às vezes eu seja a densa nuvem
que esconde o meu próprio sol, quantas vezes seja preciso recomeçar:
combinei comigo não desistir de mim.
Quanto mais o tempo passa, mais amorosamente,
mais contente, mais compassiva, eu cumpro esse trato.(Ana Jácomo)
Ceslovas Cesnakevicius(Traveler 2)
Oh! tristeza me desculpe, estou de malas/ prontas
Hoje a poesia veio ao meu encontro,
Já raiou o dia vamos viajar.
Vamos indo de carona na garupa leve
Do vento macio que vem caminhando,
Desde muito longe, lá do fim do mar.
Vamos visitar a estrela da manhã raiada
Que pensei perdida pela madrugada
Mas que vai escondida querendo brincar.
Senta nesta nuvem clara, minha poesia,
Anda, se prepara, traz uma cantiga,
Vamos espalhando música no ar.
(...)(Paulo César Pinheiro e João de Aquino)
segunda-feira, 12 de julho de 2010
Mini-(quase-nada)-conversa-fiada-ensaio
Desavisos que é preciso dessaber:
1. Esta foi uma conversa essencialmente “sobre nada”
2. Foi feita de bocós para bocó
3. Assim: enquanto um bocó perguntava “de à vera”, o outro, por seu lado, respondia “de à brinca”
4. Respostas em manoelês archaico
5. Podem ser, também, um nada inventado
6. Agora, “avance para o começo”
Confraria: Todos perguntam ao senhor: “qual é a matéria de sua poesia?”. Nós perguntamos: o que é matéria de poesia?
Manoel: Pra meu gosto matéria de poesia é a palavra Poesia, pra mim é armação de palavras com um canto dentro. O canto é que comanda o verso até chegar a um encantamento. O canto pode ter até ritmo de samba ou forró.
Confraria: Quantos cagos são necessários para desmoralizar um sublime?
Manoel: Você sabe que o sublime é teimoso e bem guardado pelos aristocratas. Carlitos desmoralizou o sublime com a sua bengalinha de vagabundo e a sua cartola. A cartola e a bengalinha de Carlitos foram cagos geniais sobre o sublime dos aristocratas. O meu cago foi modesto e nem mil que eu desse no sublime valeriam como a bengala de Carlitos.
Confraria: O senhor acha que a qualidade da poesia brasileira de hoje é a causa do aquecimento global?
Manoel: Acho que a poesia não causa nada porque a poesia é nada. E se o Nada desaparecer a poesia acaba.
Confraria: Em meio ao pregão entre poetas “eruditos” e “populares”, dê seu lance: é possível realmente uma poesia afastada da realidade ou toda poesia é, afinal, uma outra realidade.
Manoel: Acho que poesia é uma outra realidade. Ela é produto das visões de um poeta. E as visões trazem por dentro nossas loucuras, nossas fantasias e coisinhas à toa, sem procedência.
Confraria: O que é mais virtual, a poesia publicada na internet ou a poesia que um poeta não conseguiu publicar?
Manoel: Poesia virtual há de ser como a transa virtual. No meu tempo de menino transa virtual a gente chamava de matar bentevi a soco. Na internet não sei como chamam a poesia virtual.
MANOEL DE BARROS é advogado, fazendeiro e poeta. Universalizador do Pantanal, mutilador da realidade, apregoador de urinóis enferrujados, um dos maiores vendedores de poesia do Brasil, seja lá o que isso queira dizer, dispensa maiores apresentações. Esta conversa de bêbados foi travada numa manhã de domingo, na feira, entre a missa e o almoço.
domingo, 11 de julho de 2010
É preciso, antes de mais nada,
desconfiar de nosso estoque de experiências,
colocar as nossas certezas de lado.
Aqueles que imaginam que o mundo é do
tamanho de suas experiências ficam autoritários.
Frequentemente inquisitores.
É preciso rezar diariamente a reza que Karl Poper nos ensinou:
"Nós não temos a verdade. Nós só podemos dar palpites..."(Rubem Alves)
desconfiar de nosso estoque de experiências,
colocar as nossas certezas de lado.
Aqueles que imaginam que o mundo é do
tamanho de suas experiências ficam autoritários.
Frequentemente inquisitores.
É preciso rezar diariamente a reza que Karl Poper nos ensinou:
"Nós não temos a verdade. Nós só podemos dar palpites..."(Rubem Alves)
quinta-feira, 8 de julho de 2010
'Gosto de ti
Por aquilo que és
Pela alegria que tens
Pela maneira de seres
Pelo teu sorriso que me persegue o dia inteiro
Porque quando chegas tudo começa
E quando saís nada interessa
Existem pessoas que as vezes fazem parte dum sonho
Mas que iluminam a nossa vida
Com um toque doce e amargo
Roubam-nos a claridade
E enchem a nossa vida de saudade
E simpatia.
Ah qualquer dia mordo-te (!)'
CATARINA DÁ MESQUITA
é tão difícil falar e dizer coisas que não podem ser ditas.
é tão silencioso.
como traduzir o silêncio do encontro real entre nós dois?
dificílimo contar.
olhei pra você fixamente por instantes.
tais momentos são meus segredos.
houve o que se chama de comunhão perfeita.
eu chamo isto de estado agudo de felicidade.
(Clarice Lispector)
Me encante nos mínimos detalhes,
saiba me fazer sorrir, aquele sorriso malicioso e gostoso,
inocente e carente, me encante com seus olhos,
me olhe profundo, mas só por um segundo,
depois desvie o seu olhar, como se o meu olhar,
não tivesse conseguido te encantar, e então,
volte a me fitar, tão profundamente,
que eu fique perdida sem saber o que falar,
me encante com serenidade,
mas não se esqueça, também tem que ser com simplicidade,
não pode haver maldade, me encante com uma certa calma,
não tenha pressa, tente entender a minha alma,
me encante na calada da madrugada, na luz do sol ou embaixo da chuva,
me encante sem dizer nada ou até dizendo tudo,
sorrindo ou chorando, triste ou alegre,
mas me encante de verdade, com vontade,
que depois, eu te confesso que me apaixonei
e prometo te encantar todos os dias.
Fernando Anitelli
quarta-feira, 7 de julho de 2010
Imagem: Michel Ogier
De todos os jogos, o do amor é o único
capaz de transformar
a alma e, ao mesmo tempo,
o único no qual o jogador
abandona-se necessariamente ao delírio do corpo.
Não é necessário que aquele que bebe abdique do uso
da razão, mas o amante que conserva a sua não
obedece inteiramente ao deus do amor.
Marguerite Yourcenar - Memórias de Adriano
terça-feira, 6 de julho de 2010
segunda-feira, 5 de julho de 2010
A hora do cansaço
1984 - CORPO
As coisas que amamos,
as pessoas que amamos
são eternas até certo ponto.
Duram o infinito variável
no limite de nosso poder
de respirar a eternidade.
Pensá-las é pensar que não acabam nunca,
dar-lhes moldura de granito.
De outra matéria se tornam, absoluta,
numa outra (maior) realidade.
Começam a esmaecer quando nos cansamos,
e todos nós cansamos, por um outro itinerário,
de aspirar a resina do eterno.
Já não pretendemos que sejam imperecíveis.
Restituímos cada ser e coisa à condição precária,
rebaixamos o amor ao estado de utilidade.
Do sonho de eterno fica esse gosto ocre
na boca ou na mente, sei lá, talvez no ar.
Não se mate
1934 - BREJO DAS ALMAS
Carlos, sossegue, o amor
é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija,
depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe o que será.
Inútil você resistir
ou mesmo suicidar-se.
Não se mate, oh não se mate,
reserve-se todo para
as bodas que ninguém sabe
quando virão,
se é que virão.
O amor, Carlos, você telúrico,
a noite passou em você,
e os recalques se sublimando,
lá dentro um barulho inefável,
rezas,
vitrolas,
santos que se persignam,
anúncios do melhor sabão,
barulho que ninguém sabe
de quê, pra quê.
Entretanto você caminha
melancólico e vertical.
Você é a palmeira, você é o grito
que ninguém ouviu no teatro
e as luzes todas se apagam.
O amor no escuro, não, no claro,
é sempre triste, meu filho, Carlos,
mas não diga nada a ninguém,
ninguém sabe nem saberá
Amar
1960 - ANTOLOGIA POÉTICA
Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar,desamar, amar?
Sempre, e até de olhos vidrados, amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.
Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.
Entre o ser e as coisas
1951 - CLARO ENIGMA
Onda e amor, onde amor, ando indagando
ao largo vento e à rocha imperativa,
e a tudo me arremesso, nesse quando
amanhece frescor de coisa viva.
Às almas, não, as almas vão pairando,
e, esquecendo a lição que já se esquiva,
tornam amor humor, e vago e brando
o que é de natureza corrosiva.
N´água e na pedra amor deixa gravados
seus hieróglifos e mensagens, suas
verdades mais secretas e mais nuas.
E nem os elementos encantados
sabem do amor que os punge e que é, pungindo,
uma fogueira a arder no dia findo.
sábado, 3 de julho de 2010
Pablo Picasso - The Old Guitarist, 1903. Oil on panel.
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