Pergunto-te onde se acha a minha vida.
Em que dia fui eu.
Que hora existiu formada
de uma verdade minha bem possuída.
Vão-se as minhas perguntas
aos depósitos do nada.
E a quem é que pergunto?
Em quem penso,
iludida por esperanças hereditárias?
E de cada pergunta minha vai nascendo
a sombra imensa que envolve
a posição dos olhos de quem pensa.
Já não sei mais a diferença de ti,
de mim, da coisa perguntada,
do silêncio da coisa irrespondida.
Cecília Meireles, in 'Poemas (1942-1959)'
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