A forja do Sampo - Akseli Gallen-Kallela(imagem)
A defesa do Sampo - Akseli Gallen-Kallela(imagem)
Mito Finlandês - Fontes: O livro ilustrado dos mitos, Neil Philip.
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Marco zero - A criação do mundo
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Há muito tempo esta lenda repousa no frio, esperando para ser cantada: a lenda de Vainamöinen, o eterno cantor. Era uma vez havia uma moça feita de ar, filha da natureza, que vivia nos céus vazios. Ela ficou aborrecida e desceu até o mar azul encrespado. O vento cresceu, as ondas ficaram mais ferozes. E o vento e as ondas juntos fizeram a moça-do-ar conceber uma criança, Vainamöinen.
Setecentos anos depois, ela ainda levava dentro de si o filho não nascido. Amargamente convocou o Velho, que segura o céu, para livrá-la das dores do parto. Um dia chegou um pato, voando aqui e dali, procurando o local para fazer um ninho. Pousou no joelho da moça-do-ar, que saía para fora da água. Lá construiu seu ninho e pôs sete ovos: seis de ouro e um de ferro.Quando os ovos chocaram, a moça-do-ar sentiu-se como se estivesse em fogo. Ela os sacudiu e eles quebraram quando caíram no mar. Dos ovos veio a mãe terra, e os céus, o sol, a lua, as estrelas e as nuvens. Passaram-se dez verões, a moça-do-ar fez as ilhas e o continente, mas seu filho ainda não nascera. Por outros trinta verões, Vainamöinen se perguntava sobre o que o aguardaria no mundo de sua mãe. Então pedindo ajuda do sol e da lua para ter força, abriu seu caminho para fora, e sua mãe, a moça-do-ar, voltou aos céus. Durante oito anos, o mar balançou Vainamöinen antes de que alcançasse a terra. A terra árida deu à luz um filho, Pellervoinen, a quem Vainamöinen pediu que semeasse a terras com árvores e flores. Quando as árvores se transformaram em florestas, ele pegou seu machado e limpou o terreno para plantar a primeira cevada, mas deixou um pé de bétula para os pássaros descansarem. Vainamöinen rezou à velha subterrânea para que ela nutrisse as sementes, e ao velho dos céus para que as regasse. E as colheitas cresceram. Então Vainamöinen desejou uma esposa e decidiu procurar uma nas terras do norte. Uma águia levou Vainamöinen através do mar, mas os ventos o maltrataram tanto que, quando ele chegou, estava tão exausto que só conseguia ficar deitado no chão e chorar de saudades de sua terras. Louhi, a senhora desdentada do norte, o escutou. “O que você me daria”, perguntou a bruxa, “para mandá-lo de volta para casa?”
Ele ofereceu seu ouro, sua prata, mas ela só queria uma coisa. “Eu o levarei de volta para sua terra, onde o pássaro cuco canta, se você forjar o Sampo, o moinho da abundância. Faça-o a partir de uma pena de ganso e do leite de uma vaca, de um grão de cevada e da lã de uma ovelha. Eu lhe darei minha bela filha em troca.”“Eu não posso forjar o Sampo”, disse Vainamöinen, “mas Ilmarinen, o ferreiro, pode. “Vainamöinen convocou um vento para que trouxesse ilmarinen, o ferreiro, para as terras do Norte, para que ele pudesse forjar o Sampo mágico. Durante três dias Ilmarinen trabalhou em sua forja. Ele martelou e modelou, até fazer o Sampo. De um lado tinha um moinho de milho, no segundo, um moinho de sal, e no terceiro, um moinho de dinheiro. A bruxa Louhi ficou satisfeita com seu trabalho. Ela trancou o Sampo sob sete chaves e o enraizou na terra com sua mágica, mas mandou Ilmarinen de volta para casa pelo mar, em navio de cobre, sem sua filha. Decididos a se vingarem de Louhi, Ilmarinen e Vainamöinen planejaram roubar o Sampo. Lemminkainen, um jovem amigo talentoso, voltou ao Norte com eles. Vainamöinen tocou música suave em seu kantele para fazer Louhi dormir, e Ilmarinen esfregou manteiga nas nove chaves para facilitar sua abertura. Lenminkainen tentou, então, puxar o Sampo, mas suas raízes mágicas não cederam. Ele tomou emprestado um boi do Norte e um arado, cortou as raízes do Sampo e o levou consigo. Quando os três companheiros navegavam para casa, Lenminkainen começou a cantar uma canção de triunfo, Louhi despertou, e mandou sua filha da névoa envolver o navio na neblina. Mas Vainamöinen abriu caminho pela neblina com sua espada brilhante. Louhi convocou uma baleia monstruosa das profundezas, mas Vainamöinen cantou e a fez mergulhar novamente, então Louhi convocou o velho dos céus para mandar uma tempestade. Enquanto o navio de Vainamöinen lutava no mar encrespado, Louhi chegou em um barco cheio de homens vingativos, mas Vainamöinen jogou no mar um pedaço de madeira que se transformou num recife submerso, e o navio de Louhi afundou. Louhi amarrou foices em seus pés para funcionarem como garras, amarrou madeira de seu navio naufragado a seus braços para que virassem asas e, usando o leme do navio como cauda, transformou-se em uma mulher-pássaro, uma poderosa águia. Ela voou atrás de Vainamöinen e pousou no mastro de seu navio. Vainamöinen gritou: “Senhora do Norte, não compartilhará o Sampo conosco?”“Nunca”, ela gritou. Vainamöinen a atacou com um remo, derrubando-a do mastro. Mas quando ela caía, agarrou o Sampo e o arrastou consigo. Louhi e o Sampo caíram na água e o Sampo quebrou-se em pedaços. O moinho de milho e o de dinheiro se despedaçaram. Louhi ficou com um pedaço - a herança vazia do gélido Norte. Vainamöinen agarrou os outros pedaços para enriquecer a terra da Finlândia. Mas o moinho de sal ainda repousa no fundo do mar, moendo sal até o final dos tempos.
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