Se eu tenho uma dor, eu não a abandono,
não fujo dela, quero alfabetizá-la,
senão ela corrói as outras lembranças,
adona-se do que não é dela, apossa-se
das alegrias que a antecederam e das
alegrias que estavam por chegar.
Mas há dores analfabetas, arrivistas, que
nos mostram o quanto a própria palavra
pode ser fútil e desnecessária, o quanto
os planos podem nos contrariar, o quanto
somos inexplicavelmente insignificantes.
FABRÍCIO CARPINEJAR
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